segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

SOBRE NÃO CONSEGUIR:

Ele disse que gostaria muito de estar apaixonado por ela.

Mas não conseguia.
Depois de beber mais um pouco, contou que foi com ela que aprendeu a usar
a palavra sedução.  
Porque todos os movimentos dela tinham um começo, meio e fim.
E ele desenhou a imagem que há meses estava guardada em sua memória.

Um gesto dela.

Um gesto simples.
Usou as mãos para descrever.
Fechou os olhos e disse:

"Você é a pessoa mais sedutora que eu conheço." 

Mas não...

# ele não estava apaixonado por ela.

domingo, 17 de janeiro de 2010

SOBRE QUARTA-FEIRA:

Ai vida!

Sei que relutei em perceber, mas hoje resolvi que irei a praia mesmo.
Tenho que fazer algo com essas férias, não sei o que fazer com dias vazios, sem sentido.
Assim, agarrei-me a essa oportunidade de preencher alguns dias com sol, mar e areia.
Desejo que o sol seja generoso nesse dia e o mar benevolente.

Tentarei caminhar na areia e esquecer a aflição que me dá a sensação de ter esses grãos entre os dedos.
Talvez não entre no mar, tudo depende do alimento lunar, mas se eu entrar farei uma prece para que o mar lave as certezas e as incertezas que carrego comigo.


Não acredito na rainha do mar, fui criada em outra fé, mas não custa nada apelar a todos os deuses para que esse seja um ano abençoado.
E farei isso mesmo, assim que chegar lá.

Você deve estar rindo agora, pensando, que esse tipo de prece se faz no primeiro dia do ano.

E esse vai ser meu primeiro dia do ano!
Primeiro dia que decidi viver esse ano!


Não vou vencer o nojinho de mar, como te contei.
O barulho até que me assusta deveras. Devo ter bebido do líquido amniótico e quase afogado-me, o que justifica o medo.

São explicações que nem minha mãe saberia dar.
Mas quando estiver perto ao mar, vou esquecer do barulho e ouvir só dentro de mim.

E pensarei nas pessoas que carrego comigo, em meu coração e pensamento.

E você faz parte delas, mesmo tão ausente nessas últimas semanas.
Então perdoe-me a falta de consenso. O blog é independente de mim, ele vive por si, e não podia deixá-lo por fora de tal acontecimento.


Talvez eu me renda aos encantos do mar e volte outra pessoa.
Talvez volte a mesma de sempre.
Talvez nem volte, atendendo aos desejos de algum boto.


Uso muito a palavra ‘talvez’, não?
É que a única certeza que tenho: que a vida é tão incerta.

Toda hora muda, toda hora se transforma...

# como um balanço das ondas do mar.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

SOBRE O 'PQ'

um momento, um segundo, que muda tudo.


um flash repentino, uma descoberta, uma mudança. 
O corpo se move de maneira diferente, a respiração não é mais a mesma. 
Dentro da alma há uma certeza vaga de que o destino foi mudado, de que a corrente que dirigia os acontecimentos mudou de direção e que o que seria não mais virá a ser. 


esse momento, essa epifania, que não revela coisa alguma, mas que se anuncia sem modéstia. 
Sua força descomunal quebra tornozelos e meniscos, faz com que as pessoas não consigam mais andar sozinhas. E depois vem a insônia, o não saber mais funcionar
Um leve mau humor se instala, esperado, entendível, causado pela mudança, pelo desconhecido.


Não, um gole de qualquer bebida não mudará nada. 


Este instante de lucidez que se perpetuará é irreversível e não há nada a ser feito. 
O corpo ronda, roda, ronca, a cabeça se perde pelos pensamentos, não, não há escapatória.


Queria tanto poder dizer do amor, queria poder dizer da esperança, da felicidade. 
Queria poder encontrar as palavras para vomitá-las uma a uma, na direção de quem quisesse ouvir.
Queria regurgitar a inevitabilidade que me toma, as brasas que me ardem as entranhas. 
Queria conseguir botar em ordem o caos que se instalou dentro de mim, o desespero, essa dor incontida.
Queria apenas saber o por que


# meu Deus, o por que.

'vou falar simplesmente o básico'...

... tenho visto filmes que nem uma maluca, estou escrevendo de novo, estou cansada, mas tenho esperança que minha agenda se torne mais organizadinha, que é para eu poder ter mais tempo para a vida. 


#fato

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

SOBRE OS MEUS PENSAMENTOS:

Sei que a ausência de respostas também é uma resposta

E entendo que nem sempre as coisas acontecem dos dois lados.
Longe de ser o que eu queria, mas extremamente necessário ao meu coração, hoje eu preciso enxergar além destas palavras não ditas.
Talvez você não compreenda o que está se passando dentro de mim.
E na verdade, não é mesmo pra entender.

Porém, o que ocorre é simples!


Simples o suficiente para ser visível através das reações do meu corpo, da entrega do meu olhar. Tudo começou de uma forma tão inesperada e agora já não sei como reagir.

Quando reli nossas histórias, relembrei nossas conversas, senti uma conexão de almas, de sentidos. E cada ação minha era o reflexo dos meus sentimentos... Nada premeditado.

E tudo foi crescendo, passando da imaginação para a realidade.
E não sei o que fazer vendo tudo se desfazendo, sem ao menos ter concretizado.
Dentro de mim já existem sonhos, pois não sou capaz de controlar meus pensamentos.

# eles têm vida própria



terça-feira, 5 de janeiro de 2010

SOBRE NÓS:

- questão de posse...

Ela procurava o último.
Ele ia atrás da próxima.
Ela se entregou, nervosa.
Ele percebeu na pele.

# e de tão diferentes, se tornaram um pro outro.

sábado, 2 de janeiro de 2010

SOBRE O ANO QUE SE FOI:

Enfim,
esse ano que acabou não foi lá muita coisa, e o muito pouco do que foi – pra variar - fodeu comigo.

Então com licença, pois estou me dando o direito de organizar as coisas. 
Tenho exatos dois dias, até a meia-noite do dia três de janeiro (não sei por que, mas to com a sensação que o ano vai começar de verdade só na segunda-feira) para terminar minhas merdas desse ano que passou. 
Não quero levar nada inacabado desse ano velho pro meu 'tão esperado ano novo'.

Tenho alguns telefonemas a fazer, mandar certas pessoas pro inferno, xingar a mãe de outros, só não vou me declarar pra ninguém porque ainda não atingi esse grau de desprendimento (ah... e porque eu curto também uma melancoliazinha).

Eu sei também que alguns casos vão ficar mesmo só no papel, mas já me é suficiente!


Acho que estou me desligando de certas coisas que agora vejo não me faziam bem, mas que por motivo desconhecido (ou doentio) eu gostava de cultivar, feito esse pedaço de cutícula no canto da minha unha que anda dolorido.
Eu posso muito bem pegar um alicate e arrancar aquilo fora de uma vez, mas não faço.
Acho que no fundo eu gosto daquela dorzinha latejante.


Lembra-me de estar viva, sentir dor e estar viva. 
Procurar a dor para saber do alivio. 
Ou talvez fosse só a fuga, a porra da fuga.

Atrevo-me a dizer então - mesmo parecendo blasé (tenho andado muito piegas) - que ando escrevendo para libertar palavras presas que (por algum motivo maior que eu) não pude dizer. 
E sinceramente não me importa que essas pessoas leiam agora, depois ou nunca, basta-me apenas dizê-las, ainda que escritas num pedaço de papel guardado no fundo da gaveta. 
Guardadas junto com coisas velhas.

Coisas de um ano que já é passado


# já foi.