O que ela quer é viver de amor.
Fazer cafuné,
comprar presente,
reservar um chalé pra viagem,
olhar estrela sem ter o que dizer.
Quer tomar vinho e olhar nos olhos.
Ela quer poder soprar o que mora dentro,
o que não cabe,
que voa inocente e suicida.
Ela quer o que não tem nome.
Quer rir sem saber de quê,
passar horas sem notar,
quer o silêncio e a falação.
Ela quer bobagem.
Quer o que não serve pra nada.
Quer o desejo, que é menos comportado que a vontade.
Ela quer o imprevisto,
a surpresa,
o coração disparado,
o medo de ser bom.
Quer música,
barulho de e-mail na caixa,
celular tocando.
Ela tem muito e quer mais.
Quer sempre.
Quer se cobrir de eternidade,
quer o oxigênio do risco pra ficar sempre menina.
Ela quer tremer as pernas,
beijo no ponto de ônibus
e a milésima primeira vez.
Quer cor e som,
lembrança de ontem,
sorriso no canto da boca.
Ela quer dar bandeira.
Quer a alegria besta de quem não tem juízo.
O que ela quer é tão simples...
# só que ela não é desse mundo.
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