Ela trazia o coração envolto por uma casca.
De modo que nem parecia haver ali uma batida.
Ela era uma morta-viva, sorrindo para o mundo uma alegria comprada em loja.
Um dia ela topou com ele.
Ele, sim, trazia o seu coração nu, carne viva, pulsando convicto.
Um dia a casca do coração dela se quebrou e quem ficou nua foi ela, diante do que sentia. Pegou seu próprio coração com as mãos, quente feito brasa, e o jogava para um lado e para o outro sem saber o que fazer com aquele amor que lhe queimava a pele.
Quando olhou aquela bomba vermelho-sangue, o coração dele explodiu em sorriso.
Mas o tempo passou de novo e o que ela fez crescer não foi amor: foi outra casca.
Outra dura e forte a esconder mais uma vez aquele músculo frágil, a ponto de nem se ouvirem mais as batidas.
E o coração que ele não mais vê, não mais sente.
É o dela que ganha paz de novo, como quem viveu um sonho breve...
# e acordou
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